Nos protocolos de fertilização in vitro (FIV), diversos fatores influenciam o sucesso da implantação embrionária, e Tosyn Lopes destaca que o aspecto morfológico do endométrio, especialmente o padrão trilaminar, tem papel decisivo nesse processo. Essa característica visual, observada por ultrassonografia transvaginal, está relacionada à receptividade uterina e à probabilidade de gravidez bem-sucedida.
Durante o preparo endometrial, espera-se que o tecido intrauterino atinja uma espessura adequada e apresente um padrão ecográfico favorável. O endométrio trilaminar, ou em “três linhas”, é considerado ideal por refletir boa vascularização e resposta hormonal adequada, fundamentais para acolher o embrião no momento da transferência.
O que é o endométrio trilaminar e como ele se forma
O endométrio trilaminar se caracteriza por três zonas distintas: uma linha central hiperecogênica (correspondente à junção das camadas basais) e duas faixas laterais hipoeicogênicas (camadas funcionais), visualizadas em exames de imagem. Essa morfologia é geralmente observada na fase proliferativa tardia do ciclo, estimulada pelo estrogênio.
Segundo Oluwatosin Tolulope Ajidahun, esse padrão indica que o endométrio está em fase ativa de preparação, com renovação celular eficiente e crescimento ordenado. Ele se torna especialmente relevante em tratamentos de reprodução assistida, pois está diretamente associado à chance de adesão e nutrição do embrião nos dias iniciais da gestação.
Correlação entre espessura e padrão morfológico
Embora a espessura endometrial também seja um parâmetro importante (idealmente acima de 7 mm), o aspecto trilaminar tem se mostrado um indicador mais sensível da receptividade uterina. Isso significa que um endométrio espesso, mas homogêneo ou com padrão inadequado, pode ser menos eficaz do que um mais fino com boa morfologia.
Tosyn Lopes comenta que essa avaliação deve ser feita com precisão, considerando tanto a qualidade do endométrio quanto o momento do ciclo. A ecogenicidade, a vascularização e a resposta hormonal são elementos que, em conjunto, determinam a janela ideal de transferência embrionária em ciclos de FIV ou congelamento de embriões.
Fatores que afetam a formação do endométrio trilaminar
Diversas condições clínicas podem prejudicar o desenvolvimento do padrão trilaminar, como a endometrite crônica, insuficiência de estrogênio, síndrome de Asherman e alterações vasculares. Além disso, procedimentos cirúrgicos prévios, como curetagens ou miomectomias, podem comprometer a integridade do tecido endometrial.
De acordo com Oluwatosin Tolulope Ajidahun, nesses casos, o acompanhamento deve incluir não apenas ultrassonografias seriadas, mas também exames hormonais, biópsias e eventualmente tratamentos regenerativos. A suplementação com estrogênio, o uso de vasodilatadores ou técnicas como PRP (plasma rico em plaquetas) são estratégias empregadas para tentar recuperar a morfologia endometrial.
O papel do endométrio trilaminar nos resultados da FIV
Diversos estudos já demonstraram que pacientes que apresentam endométrio trilaminar no momento da transferência embrionária têm taxas significativamente maiores de implantação e gravidez clínica. O padrão visual indica que o útero está em um estado funcional ideal para receber o embrião e iniciar a formação do trofoblasto.
Tosyn Lopes frisa que esse dado não deve ser avaliado isoladamente, mas em conjunto com a qualidade do embrião, o preparo hormonal e as condições imunológicas da paciente. Ainda assim, a presença de um endométrio trilaminar pode ser um indicativo favorável mesmo em pacientes com histórico de falhas anteriores.
Endométrio trilaminar: marcador promissor ou exigência clínica?
Embora o endométrio trilaminar seja amplamente associado ao sucesso reprodutivo, ele não deve ser interpretado como um pré-requisito absoluto para a implantação. Gravidezes também ocorrem em pacientes com padrão não trilaminar, desde que outros fatores estejam bem controlados. O desafio está em interpretar os achados ecográficos no contexto clínico completo.
Oluwatosin Tolulope Ajidahun sugere que o futuro da medicina reprodutiva caminha para uma abordagem multifatorial, na qual a morfologia endometrial é apenas uma das peças do quebra-cabeça. Quando bem compreendida e integrada ao protocolo terapêutico, a observação do endométrio trilaminar contribui para decisões mais assertivas e personalizadas.
Autor: Kirill Dmitriev
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