Os fundos com estruturas “sandbox” têm se consolidado como instrumentos de inovação no mercado de capitais, possibilitando testar novos modelos de gestão, governança e compliance em um ambiente regulatório mais flexível. Essa abordagem é inspirada no conceito de regulatory sandbox, já utilizado em diferentes países, que permite a implementação controlada de práticas experimentais sem comprometer a segurança dos investidores. De acordo com o especialista Rodrigo Balassiano, a aplicação desse modelo representa uma oportunidade de evolução para os fundos estruturados, ao mesmo tempo em que exige análise criteriosa sobre riscos, benefícios e limites regulatórios.
A lógica dos Fundos com estruturas “sandbox”
O funcionamento dos fundos com estruturas “sandbox” baseia-se na criação de veículos autorizados a operar sob condições especiais, aprovadas previamente pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esses fundos podem adotar metodologias de precificação, governança ou distribuição que ainda não estão totalmente consolidadas no arcabouço regulatório tradicional. Essa flexibilidade não significa ausência de regras, mas sim a aplicação de parâmetros adaptados, capazes de equilibrar a necessidade de inovação com a proteção do mercado e dos cotistas.

Benefícios e atratividade para o mercado
Entre os principais benefícios dos fundos com estruturas “sandbox” está a possibilidade de desenvolver soluções mais ágeis e compatíveis com a evolução tecnológica. Inovações em tokenização de ativos, uso de inteligência artificial para análise de risco ou precificação dinâmica são exemplos de ferramentas que podem ser testadas nesses ambientes. Além disso, fundos com esse perfil tendem a atrair investidores que buscam exposição a novos modelos, ampliando a diversificação e a competitividade do mercado de capitais brasileiro. Segundo Rodrigo Balassiano, quando bem estruturados, os fundos “sandbox” podem inclusive acelerar a atualização de normas regulatórias.
Governança e proteção ao investidor
Apesar da flexibilidade, os fundos com estruturas “sandbox” precisam manter pilares sólidos de governança. Auditorias independentes, relatórios periódicos e mecanismos de transparência permanecem obrigatórios, ainda que em versões adaptadas ao modelo experimental. Essa combinação permite testar inovações sem comprometer a segurança do investidor. A credibilidade do modelo depende da clareza com que os riscos são comunicados e do compromisso dos gestores em preservar a integridade do mercado.
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Riscos e limitações do modelo sandbox
A utilização de fundos com estruturas “sandbox” também apresenta desafios relevantes. O principal risco está na adoção de práticas que ainda não foram validadas em cenários de estresse econômico, o que pode gerar imprevisibilidade nos resultados. Além disso, a limitação temporal, já que a autorização costuma ter prazo definido, exige que gestores planejem a transição do modelo experimental para um formato regulado de forma tradicional. Segundo Rodrigo Balassiano, a chave está em compreender que o sandbox é um ambiente de testes, não uma solução definitiva.
Aplicabilidade no contexto brasileiro
No Brasil, os fundos com estruturas “sandbox” podem ser aplicados em setores onde a inovação tecnológica se apresenta como diferencial competitivo, como o financiamento de startups, operações com ativos digitais ou fundos lastreados em projetos de impacto socioambiental. A regulamentação da CVM já prevê iniciativas voltadas ao estímulo da inovação, permitindo que fundos testem soluções dentro de parâmetros controlados. Esse modelo aproxima o país das melhores práticas internacionais e amplia a atratividade do mercado para investidores estrangeiros interessados em ambientes regulatórios modernos.
Considerações finais
Os fundos com estruturas “sandbox” representam uma alternativa estratégica para alinhar inovação regulatória e proteção ao investidor. Sua adoção deve ser vista como oportunidade de modernização do mercado de capitais, mas também como desafio de governança, transparência e comunicação de riscos. Para Rodrigo Balassiano, o sucesso desse modelo depende da capacidade de gestores e reguladores de encontrar equilíbrio entre experimentação e segurança, consolidando o sandbox como ferramenta de evolução sustentável. Quando bem aplicados, esses fundos podem se transformar em alicerces de um mercado mais dinâmico, competitivo e preparado para o futuro.
Autor: Kirill Dmitriev