O especialista Rodrigo Balassiano explica que a tokenização de ativos tem ganhado destaque como uma das maiores inovações nos mercados financeiros nas últimas décadas. Trata-se da transformação de direitos sobre um ativo, sejam eles imóveis, ações ou até obras de arte, em tokens digitais registrados em blockchain. Essa revolução tecnológica não apenas democratiza o acesso ao investimento, mas também aumenta a liquidez e reduz custos operacionais.
Como a tokenização está mudando a forma como os fundos operam?
Antes restritos a processos burocráticos e intermediários múltiplos, os fundos tradicionais estão agora diante de uma oportunidade sem precedentes: operar com maior agilidade por meio da tokenização. Cada quota de um fundo pode ser representada digitalmente, permitindo transferências quase instantâneas, automatização de regras contratuais via smart contracts e rastreabilidade total das transações. Isso significa menos papelada, menos tempo para fechar operações e mais transparência para os investidores.
Conforme frisa Rodrigo Balassiano, a tokenização permite o fracionamento de ativos que antes eram caros ou difíceis de dividir, como imóveis comerciais ou participações societárias. Com isso, fundos podem oferecer exposição a carteiras diversificadas a um número muito maior de investidores, inclusive de varejo. A administração do fundo passa então a ter a responsabilidade de integrar essas novas tecnologias aos seus processos, assegurando que a migração seja segura e regulatória.
Quais são os desafios regulatórios e operacionais enfrentados pela administração?
Apesar do potencial disruptivo, a tokenização traz consigo uma série de desafios, especialmente no campo regulatório. Países ainda estão desenvolvendo marcos legais claros para ativos tokenizados, e há muitas dúvidas sobre questões como titularidade, tributação e supervisão. A administração precisa estar à frente nessa discussão, colaborando com órgãos reguladores e ajudando a moldar políticas públicas que deem segurança jurídica tanto para os gestores quanto para os investidores.

Operacionalmente, a mudança exige infraestrutura robusta, sistemas compatíveis com blockchain e equipes treinadas para lidar com essa nova realidade. Rodrigo Balassiano também informa que é necessário estabelecer parcerias com plataformas de negociação de tokens, custodiantes digitais e auditores especializados. A administração surge aqui como o elo entre a inovação e a prática, garantindo que tudo funcione dentro dos padrões exigidos pelo mercado e pela legislação vigente.
Como os fundos tradicionais podem se preparar para essa nova era?
Para aproveitar os benefícios da tokenização, os fundos precisam começar a repensar sua estrutura desde a base. Isso inclui revisar seus estatutos sociais e documentos regulatórios para permitir a emissão de tokens, bem como atualizar seus sistemas internos para suportar transações descentralizadas e transparentes. A administração deve liderar esse processo, promovendo alinhamento entre compliance, tecnologia e estratégia de investimento.
Investir em conhecimento interno também é essencial. As equipes administrativas devem entender profundamente o funcionamento da blockchain, os modelos de tokenização e os requisitos técnicos e legais envolvidos. Parcerias com startups, fintechs e laboratórios de inovação podem acelerar essa curva de aprendizado. No mais, Rodrigo Balassiano expõe que a sobrevivência dos fundos tradicionais dependerá de sua capacidade de se reinventar, com a administração assumindo o papel de motor dessa transformação.
A administração como guardiã da transformação
Diante das mudanças trazidas pela tokenização, a administração de fundos deixará de ser apenas uma função operacional para se tornar estratégica. Sua missão será assegurar que os fundos tradicionais não apenas sobrevivam, mas prosperem nesse novo ecossistema financeiro. Para isso, é fundamental antecipar tendências, adaptar processos e manter diálogo constante com todos os stakeholders envolvidos.
Por isso Rodrigo Balassiano conclui que o futuro dos fundos tradicionais está intimamente ligado à adoção responsável e inteligente da tokenização. E quem estará no comando desse processo — guiando a transição com cuidado, expertise e visão de longo prazo — será a administração.
Autor: Kirill Dmitriev