Secretaria de Parcerias em Investimentos confirmou que revogação está em processo e que governo estuda como será feita a nova concessão. Único concorrente, Grupo CCR venceu leilão em 2019 e disse que não irá se opor. Gestão Tarcísio não explicou motivo da decisão.
O governo de São Paulo decidiu revogar a concessão da Linha-15 Prata do monotrilho para o Consórcio ViaMobilidade, do Grupo CCR, vencedor da licitação por R$ 160 milhões em 2019.
A informação foi confirmada ao g1 nesta sexta-feira (12) pela secretaria de Parcerias em Investimentos, que não informou o motivo da decisão.
A pasta ainda afirmou que a revogação está “em processo” e não tem data para ser de fato realizada. O governo ainda estuda como será feita a nova concessão da linha.
“A concessionária informou ao governo não se opor à revogação, já prevista pelo estado, da licitação realizada anteriormente para concessão da Linha 15-prata de monotrilho”, diz a secretaria de Parcerias em Investimentos, em nota.
O Grupo CCR afirmou ao g1 que “não se oporá à revogação da licitação e aguarda a oficialização da decisão”.
“A companhia está sempre atenta e aberta a estudar novas oportunidades que venham a mercado”, diz a nota.
Leilão, anulação e retorno
A Linha 15-Prata começou a ser construída em 2009 e o projeto previa ligar a região da Vila Prudente até Cidade Tiradentes, com entrega para 2012. As primeiras duas estações, Oratório e Vila Prudente, porém, ficaram prontas somente em 2014.
Em 2016, o Metrô anunciou que o projeto deveria ser encolhido em 13 quilômetros e perder oito estações. Dois anos depois, em abril de 2018, foram abertas quatro estações: São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União.
Em 11 de março de 2019, o Consórcio ViaMobilidade 15, do Grupo CCR, venceu o leilão para a concessão da Linha 15-Prata o monotrilho à iniciativa privada. A outorga mínima era de R$ 159 milhões.
A CCR, gigante no setor de transporte e logística, foi a única interessada na linha. Na época, ela já administrava outras três linhas de Metrô em São Paulo.
“É a regra, podem se apresentar uma, duas, três, quantas empresas desejarem. A regra é muito clara, tendo uma proposta ela é analisada como foi essa, ela é válida e ela é importante. O triste seria vazio, ou seja, estarmos todos aqui decepcionados pela falta de uma empresa com interesse na conclusão em uma linha tão importante quanto essa da Linha Prata do Metrô, se tivermos mais competidores, melhor, mas se tivermos sempre uma que assuma a responsabilidade de levar adiante e concluir a obra dentro do prazo e das condições propostas, assim será”, afirmou, na época, o então governador João Doria
Oito meses depois, em novembro de 2019, a Justiça anulou a concessão da Linha15-Prata do monotrilho de São Paulo para o Grupo CCR.
O pedido de anulação partiu do Sindicato dos Metroviários que alegou que a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) precisava autorizar a concessão. Na época, o governo do estado disse que ia recorrer da decisão.
Em 2022, a 4ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de SP tornou nula a decisão de 2019 que impedia que o consórcio Via Mobilidade de assumir o controle das operações da Linha-15 Prata do monotrilho.
Colisões, queda de peça de metal, trinca em estrutura na Linha-15 Prata
Atualmente, a Linha 15-Prata transporta cerca de 115 mil passageiros por dia e tem 11 estações em 14,6 km: Vila Prudente, Oratório, São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói, Vila União, Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda Juta, São Mateus e Jardim Colonial.
No final de dezembro de 2022, o então governador Rodrigo Garcia (PSDB) autorizou o início das obras de ampliação da linha, com previsão de entrega de duas novas estações Boa Esperança e Jacu Pêssego para 2025.
Contudo, a linha é marcada por uma série de acidentes e falhas. Em janeiro de 2023, uma trinca na estrutura de concreto entre as estações Vila Prudente e Oratório, do Monotrilho, paralisou a circulação por mais de seis horas.
Em março de 2023, dois trens da Linha 15 – Prata do monotrilho bateram entre as estações Sapopemba e Jardim Planalto, na Zona Leste de São Paulo. A colisão ocorreu por volta das 4h30, fora da operação comercial. Apenas os operadores estavam nos trens.
Outros casos emblemáticos também ocorreram na linha em anos anteriores. Em setembro de 2022, uma peça se soltou e caiu na ciclovia.
Já em janeiro de 2019, a operação foi afetada após a peça de um equipamento soltar dos trilhos e cair em via da Zona Leste.
No mesmo dia, à noite, dois trens bateram perto da estação Sapopemba. O acidente ocorreu à noite, durante uma manobra e não havia passageiros no trem. Tempos depois, um laudo do Metrô apontou falha humana.